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Meus Queridos Irmãos,
A crise pandémica global que atingiu tudo e todos de forma abrupta é um acontecimento que marca uma época, que define um antes e um depois, e que veio mudar já a forma como melhor descobrimos e vemos o sec. XXI.
É uma crise de medo e asfixia, diferente de outras crises que enfrentámos, e que amplificou numerosos debates sobre questões estruturais, seja sobre a política e a geopolítica, a economia, a ecologia e a sustentabilidade ambiental, a organização social, as relações entre as pessoas.
A conjuntura é regressiva, os antagonismos reforçaram-se, o humanismo afasta-se da compreensão da complexidade dos problemas humanos, e antevê-se um novo paradigma civilizacional cada vez mais provável, com manchas negras da tirania do individuo, nos desafectos, na solidão, no facto inédito da cisão entre os homens e as comunidades partilhadas. A esperança de um despertar mais solidário é ténua.
Os Maçons estão, como todos, imersos nesta gigantesca crise planetária. As questões que se põem à Maçonaria, aos Maçons, ao Grande Oriente Lusitano, têm a ver com a compreensão da época e à valia, para nós sempre actual, dos seus princípios e valores, à sua aplicação cívica por cada qual na sociedade e nos sistemas humanos e sociais onde interagem. Comprometidos num permanente combate militante humanista, por uma sociedade futura sempre mais justa, mais fraterna, mais livre, mais solidária, na defesa da diversidade e respeito pelo outro para encontrar caminhos comuns.
Mas compromisso primeiro entre nós de não deixarmos que o isolamento de uns e outros leve à perda de confiança na nossa forma de estar, no nosso modo de ser, no compromisso de vivermos e estarmos presentes no outro, de vivermos com ele, e com todos.
A nossa cultura começa a sentir a falta de uma representação social positiva da fraternidade. Dir-se-á que o facto de termos estado impossibilitados de reunir regular e presencialmente, sem a pratica habitual dos nossos métodos de pensar, dos nossos ritos e rituais, dificulta vivermos esta época e corresponder aos seus desafios.
Mas o maçon retira a sua legitimidade de o ser de si próprio, por possui em si a faculdade de compreender, de aprender, pensar, interrogar, criticar. Sabe , como nos dizia Pessoa no seu Cântico Fraterno que o que é grande no homem é ser ponte (de sonho) e não ser apenas fim.
A cerimónia publica de inauguração do memorial a Teotónio de Ornelas, realizou-se no passado dia 31 de outubro, com a presença do Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano, Fernando Lima.
O memorial assinala a passagem do 150º aniversário do seu falecimento, ocorrido a 25 de outubro de 1870. É uma iniciativa do Grémio Atlântico, cujo presidente, agradeceu ao Presidente da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo também presente na ocasião, a abertura do Município à iniciativa, que aceitou e suportou.
A peça escultórica é da autoria de Dimas Simas Lopes que contou com a a colaboração de Emanuel Félix Filho, que acompanhou o projeto e para ele contribuiu com o desenho da reconstituição, daquilo que foi o Palácio de Santa Luzia, residência citadina de Teotónio de Ornelas, representada no local por um painel de azulejos.
O monumento fica localizado em Santa Luzia, na cidade de Angra do Heroísmo, junto ao Observatório Meteorológico José Agostinho.
O Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano – Maçonaria Portuguesa, casa da liberdade e da defesa dos direitos humanos, condena, pública e veementemente, os atentados terroristas que nos últimos dias ocorreram em França.
Já no passado dia 16 de Outubro o Grande Oriente Lusitano se juntou àqueles que, no seio da AME – Aliança Maçónica Europeia e do CLIPSAS, repudiaram o ato bárbaro de decapitação de um professor nas ruas de Conflas-Sainte Honerine que pagou com a sua vida a defesa da liberdade de expressão.
A reiteração da violência com base na intolerância religiosa reclama uma condenação clara. Esses atos constituem um atentado contra os valores que os maçons, bem como todos os democratas, sempre defenderam: a liberdade, a igualdade, a fraternidade, a liberdade de pensamento, de expressão e de consciência, a laicidade, o respeito pela diferença e a tolerância; valores também centrais no âmbito de uma educação para a cidadania, em que todos nos devemos empenhar.
Num momento em que, por motivos sanitários e de saúde pública, temos estado mais centrados nessas preocupações essenciais, temos a responsabilidade de não confundir confinamento com alheamento e intervir, de forma ainda mais empenhada, publicamente e na sociedade, na defesa dos valores democráticos.
O Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano – Maçonaria Portuguesa expressa a sua solidariedade para com o povo francês, deixando claro que os ataques que tem sofrido são também um ataque a todos os democratas e também aos Maçons, que sendo, também, depositários dos valores humanistas, têm de permanecer firmes, corajosos e activos na sua defesa.
Meus Queridos Irmãos,
O Grande Oriente Lusitano, casa da liberdade, da indignação contra as desigualdades e ausência de solidariedades e da cultura dos direitos humanos, saúda todos neste dia 5 de outubro, dia da república e da evocação dos seus valores. Valores republicanos antes do mais associados à noção da prevalência do interesse publico sobre interesses particulares, no âmbito de uma ética social.
Também à ideia de soberania do povo, ao princípio electivo e da representatividade, à igualdade como instrumento da justiça social, à fraternidade como veículo para universalidade, à laicidade como pilar da liberdade de consciência, à cidadania como expressão prática destes valores, geradora para todos das mesmas oportunidades e capacidades.
E, também, de uma ética individual de comportamento honrado e anti-ostentatório de quem coloca o bem colectivo acima de privilégios ofensivos, e procura zelar pelo bom uso dos recursos públicos. Os valores republicanos são os garantes dos direitos de todos, sem pôr de parte os deveres.
Não é preciso dizer muito para contrastar o estado actual do mundo e do país, onde os sinais de alerta são cada vez mais evidentes, e que esta pandemia veio amplificar exacerbando medos, fomentando angústias, facilitando as notícias falsas e a desinformação, simplificando perigosamente as mensagens, numa trajetória populista preocupante que, a prazo, justificará uma deriva messiânica que, como Maçons, teremos de combater com todas as nossas forças. O obscurantismo e as regressões civilizacionais estão à vista de todos.
As condições básicas da cidadania, da liberdade, igualdade e da fraternidade, da razão iluminista, estão a ser violentamente questionadas em muitos lados. Os Maçons são depositários dos valores republicanos, corajosos e resistentes à tentativa de os eliminar.
Para dar sentido ao presente, é preciso reler sempre o passado, para nos projectarmos no futuro, com determinação e progresso esclarecido. Por isso, hoje, e sempre, os Maçons gritam bem alto, VIVA A REPÚBLICA.
Saúde e fraternidade
Fernando Lima
A 4ª Conferência do GOL, realizada no âmbito do seu 16º Congresso, teve lugar no passado dia 5 de Outubro, com o tema "A Dignidade Humana versus a Educação como Pilar da Cidadania" e a presença de Marçal Grilo, como orador convidado.
Doutorado em Engª Mecânica pelo IST em 1973, Marçal Grilo foi, entre outros cargos, Presidente do Conselho Nacional de Educação e ministro da Educação do XIII Governo e Administrador Executivo da Fundação Calouste Gulbenkian (2000-2015). Atualmente preside ao Conselho da Universidade de Aveiro e é membro do Conselho de Curadores da Fundação Francisco Manuel dos Santos.
Marçal Grilo considera que tudo o que se relaciona com a Educação contém em si mesmo, um acto de Dignidade. A aprendizagem de conhecimentos, atitudes, comportamentos e valores, visa preparar os jovens cidadãos para se realizarem como seres humanos. Num Mundo em que as mudanças são cada vez muito rápidas, o Futuro já não é só incerto, mas é também imprevisível. Marçal Grilho convida-nos a pensar nos novos desafios, dúvidas e certezas da cidadania. Assista aqui à 4ª sessão das Conferências.
O GOL celebrou, mais uma vez, o dia 5 de Outubro com uma romagem à estátua de António José de Almeida, onde foi depositada uma coroa de flores.
Ao comemorar este ano o 110º aniversário da Implantação da República, a cerimónia terminou com vários Vivas à República, seguido do Hino Nacional, cantado pelo público presente, que cumpriu todas as regras de distanciamento social em vigor, incluindo o uso de máscara.
No âmbito do 16º Congresso do Grande Oriente Lusitano, o debate da temática “Dignidade Humana, Direitos, Liberdades e Garantias” teve no passado dia 30 de Setembro, a sua 3ª conferência, conduzida por Luís Natal Marques, Presidente executivo do 16º Conggresso do GOL, com Pedro Bacelar de Vasconcelos como orador convidado.
Nascido no Porto em 1951, Doutorado em Ciências Jurídico-políticas pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, Pedro Bacelar de Vasconcelos tem um vasto curriculum em cargos políticos, executivos e deliberativos em várias instituições nacionais e internacionais, tendo-se destacado como Governador civil de Braga, Deputado na AR, Presidente da Comissão Parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, desde 2015 e Vice-Presidente da Convenção para a Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia, em representação do Primeiro-Ministro António Guterres (1999/2000), cuja importância foi bem evocada nesta conferência.
A base deste debate “A Contribuição da Maçonaria na construção do futuro da Dignidade Humana” apresenta-se refletida não só nos princípios da Declaração dos Direitos Humanos presentes na Constituição da República Portuguesa, como de forma interessante nos títulos - Dignidade, Liberdades, Igualdade, Solidariedade, Cidadania e Justiça - dos artigos da Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia, que aqui pode consultar.
Esta 3ª conferencia teve transmissão em directo pelo YouTube, podendo aqui ser revista.
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